sexta-feira, 27 de abril de 2007

Corria a Noite Serena



(do Tio Verdades do Ervedal )

I
A primeira vez que a vi
Fitar-me com intenção,
Experimentei tal emoção...
Forte volúpia senti!...
Pensando me decidi
P'los amores desta pequena,
Tinha odores de açucena!
Pedi-lhe uma entrevista
A palpitar na conquista,
Corria a noite serena !

II

Lânguido pelo calor...
Não sei bem o que lhe disse...
Veio dizer-me com meiguice
Ternos segredos de amor !
Pressenti-lhe nesse ardor
A vontade de noivar !
Decidi então beijar
Aquela face mimosa!
À luz da noite amorosa
Com seu pálido luar!

III
Parando em pleno jardim
Meio ébrios, em devaneios.
Senti-lhe o calor dos seios
Inclinada para mim.
Tombámos o alecrim
Junto aos mais tenros verdores.
Amarrotámos as flores,
A que ela se dedicava !
Enquanto ela suspirava,
Falava a Brisa d ' Amores !

IV
Afaguei-a com delírio!
Sorvendo as suas carícias,
Colhendo a flor do martírio!
Beijei aquele alvo lírio!
Senti-lhe os seios arfar!
Quis então raciocinar,
Num momento reflectido!
Ela compôs o vestido
Ainda trémula a doidejar!

Um comentário:

Anônimo disse...

que alentejanície...gosto especialmente do "vontade de noivar.É mesmo do Ervedal..."ê na me lembro do ti vardades...conhecias?"